domingo, 11 de dezembro de 2011

Perto do caração selvagem

A infância Joana viveu ao lado do pai, a quem confiou, por meio de brincadeiras, suas incertezas. Era sonhadora e sem querer, provocava os adultos com suas questões e opiniões. Escrevia versos, tinha medo de dormir sozinha e sentia muita pena das galinhas. Para ela, estas nem sabiam que iam morrer. A mãe, Elza, morreu, quando ela ainda era muito pequena; Conhecia-a pelas descrições do pai. Seu pai  morreu quando ela ainda era menina.
Órfã, Joana vai morar com os tios. Logo nos primeiros dias de convívio, a severidade na casa se revela hipócrita, despertando-lhe uma visão repugnante daquilo que a esperaria no futuro; Eles fingem condoer-se da sua infelicidade. A relação entre sobrinha e tia é tensa, mas aceitável; a presença da menina a sufocava. Um dia ao acompanhar a tia às compras, como num teste para si mesma e causar espanto aos outros, Joana roubou um livro, fazendo com que a realidade de sua relação com aquela família viesse à tona. Desabonando esse tipo de conduta, a tia pediu ao marido que encaminhasse a menina a um colégio interno, onde as diferenças, entre Joana e o mundo que a cercava, iriam se acentuar.
Essa dificuldade de se adaptar aos lugares, a constante vocação para o mal e o desconhecimento de si mesma faziam parte do processo de descobrir-se, encontrar a razão  de sua existência. Nessa confusão, surge um professor casado, que lhe dá ouvidos,tentando  a aconselhar. Ele torna-se seu amor adolescente, e Joana, sentindo uma espécie de inveja da esposa, sofre as agruras dessa primeira paixão.
Fora  do internato, Joana casou-se com Otávio, que era tão confuso com sua existência quanto ela. Embora casado, mantinha um relacionamento amoroso com Lídia, sua ex-noiva, a quem engravidou. Isso aparentemente seria a causa da separação entre Otávio e Joana, além da diferença de temperamentos. Joana, que sabia tudo sobre o relacionamento dos dois, abordou a situação naturalmente, sem escândalo. No entanto se senti estranha pois tinha o projeto de ter um filho com seu marido.
Depois da separação, um homem desconhecido passou a seguir Joana, durante algum tempo. Um certo dia, ela se viu na casa desse estranho e, sem sequer saber-lhe o nome, com ele teve alguns encontros. O desconhecido que, para ela, era mais um salto para sua auto-investigação, um dia, acabou partindo. Ela, também, embarcou sozinha para uma viagem não muito bem definida, dando a entender que, naquele momento, teria condições de se resgatar.

2 comentários:

  1. Nem preciso dizer o quanto eu te admiro por teu jeitinho todo especial de ser. Cada leitura, cada texto, cada aula, cada conversa é uma nova descoberta de nós mesmas...Amei o teu blog...Continue investindo na tua produção. Beijos...
    Profª Mônica Fogaça

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  2. Há um "quê" de Joana em cada uma de nós, não acha????

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